quinta-feira, 26 de julho de 2012

Os Duendes da Lua, Capítulo II - A Grande Migração

(Primeira parte AQUI.)


Aparência Poética De Um Goblin Ûhrk de acordo com
PACHECO, Salazar Monteÿn e PORLAHZ, Clarabel Ovídia.

Ròhlumm Abdä, o Primeiro Goblin Ûhrk, não encontrou dificuldades em aproximar-se de Kashwëhnå, a Estranha. A Rainha Louca postava-se completamente sozinha no alto do Monte Yhr - também chamado de Montículo Onde Os Deuses Cospem Na Cabeça De Seus Fiéis Quando A Nobre Desatinada Entoa Cânticos Alucinados -, vociferando impropérios desesperados em mais um de seus constantes ataques histéricos.

- AHH GRRR OOOOWWWWNNN BRRHHH!!! - bradava a real duenda com os punhos erguidos - BRRRRR VZZZZZZHHH AHHHHHHHHHH!!!

- Rainha Kashwëhnå, divina senhora dos duendes telúricos - chamou Ròhlumm Abdä, em uma charmosa voz, mais doce do que doce de batata doce - Meu nome é Ròhlumm, O Goblin, e fui enviado pelas Divindades Celestiais para aconselhar a Mais Nobre De Todas As Nobres Rainhas Dos Povos Mágicos Primordiais.

- Um Tsoåpêsh!! - gritou a Rainha, arregalando os olhos - Eu não disse? - berrou para alguém que talvez apenas ela própria fosse capaz de enxergar - Esses duendes do Conselho vão ver quem é que é a louca, agora. [1]

De acordo com A Lenda Dos Mil Conselheiros - uma história para crianças muito famosa entre os duendes fÿhllirënianos, que fora inclusive transformada em desenho animado, história em quadrinhos e bonecos articulados -, no Ano Da Grande Navegação, quando Todos Os Problemas Do Universo Deveriam Ser Resolvidos, as Divindades Que Gostam De Controlar As Coisas Por Aqui enviariam à Terra algumas criaturas escolhidas, ou Tsoåpêshes, com o objetivo de aconselhar positivamente os governantes das aglomerações mais influentes entre os Seres Mágicos Primordiais e mostrar o Caminho Único Da Estrada Colorida Para A Verdade Universal[2].

Dizendo-se, assim, um Tsoåpêsh, o maquiavélico goblin Ròhlumm Abdä colocou-se em posição de destaque no Conselho dos Duendes da noite para o dia e utilizou-se de sua forte influência sobre a Rainha Louca para efetivar seu terrível plano de Dominação Goblin de Todas As Terras Mágicas Ocidentais.

Durante aquela primavera, o Primeiro Goblin Ûhrk, com suas palavras revestidas de mel e açúcar, instigou a Rainha Kashwëhnå a fechar as fronteiras de seu reino, impedindo a entrada de qualquer Ser Mágico que não fosse um duende da Grande Fÿhllirën em território fÿhllirëniano, incentivou-a a construir palácios caríssimos e inúteis e destruir, com isso, grande parte das florestas primordiais e aconselhou-a, ainda, a aumentar consideravelmente os impostos sobre o uso da magia e a reprimir qualquer tipo de manifestação contrária por parte do povo[3].

Ao mesmo tempo em que persuadia a rainha a não dar atenção às Vozes Telúricas, aos Deuses de Energia ou a qualquer ser ou entidade que não fosse ele próprio, Ròhlumm Abdä também aproveitava seus poderes hipnóticos para disseminar a discórdia entre o povo duendífico, causando inúmeras querelas entre clãs, desavenças regionais e, até mesmo, sequestros e assassinatos.

A desobediência, por parte dos duendes da Grande Fÿhllirën, das Antigas Leis Mágicas Primordiais - leis estas que, segundo documentos da época[4], seriam regras naturais proferidas pelos próprios Espíritos da Terra e que pregariam, entre outros artigos, a não-agressão a qualquer Ser Mágico Primordial, a proibição de qualquer ato de discriminação por espécie e a influência definitiva dos próprios Espíritos da Terra em qualquer decisão relacionada à situação da vida terrestre - provocou a rápida decadência dos duendes mencionados, com a expulsão dos mesmos do Conselho De Segurança Mágico Inter-Temporal e o pagamento de uma multa de magia exorbitante pelos muitos danos por eles causados às outras espécies primordiais.

O ápice da desestabilização dos duendes do que outrora fora a Grande Fÿhllirën aconteceu no final do verão daquele mesmo ano, quando as disputas fomentadas pelo Primeiro Goblin Ûhrk entre os dois principais clãs fÿhllirënianos, os Rödhån e os Köhkånn, explodiram em uma terrível e sangrenta guerra que dizimou quase dois terços da população duende e desestabilizou o panorama mágico primordial do planeta Terra, fazendo com que os Espíritos da Terra decidissem, por fim, exilar aqueles seres por tempo indeterminado no Satélite Que Refletia A Luz Branca Da Estrela Amarela.

Ròhlumm Abdä conseguira, desta forma, realizar a primeira parte de seu plano ditatorial. Com a desestabilização planetária que se seguiu à Grande Migração Dos Duendes - que desde então passaram a ser chamados de Fÿhllum Röåkhm, ou Duendes da Lua -, declarou-se Imperador Único E Todo-Poderoso De Todas As Terras Outrora Pertencentes À Grande Fÿhllirën Em Nome Dos Goblins Oprimidos E Vilipendiados e deu início ao período a que chamamos de Awû Oöhkumm, ou A Era Sombria[5].

...

NOTAS:

[1] Diálogo reconstituído a partir de uma sessão espírita mágica inter-temporal presente em DONNAN, Zavier - Fragmentos Espirituais Das Eras Passadas - Editora Obscura, Lado Negro Da Lua, 2011 E. H.

[2] LOLLIPOPO, Marieta Emília - Quem Conta Um Conto, Conta Um Duende: Contos e Cantos infantis para se ler antes de dormir - Editora Parquinho Colorido, Öishpallur, 568 N. E.

[3] PACHECO, Salazar Monteÿn & PORLAHZ, Clarabel Ovídia - A Espécie Vilipendiada: os Goblins Ûhrk e suas contribuições para o Reino Mágico - Editora Nonsëhnse, Porão Vermelho, 2010 E. H.

[4] DENDORIAN, Gimena Venceslau (org.) - A Estranha Coroada: Compilação de Manuscritos Fÿhllirënianos Da Era Migratória - Ed. Luneta Verde, Bosque Dos Gnomos Cor-de-Abóbora, 666 N. E.

[5] VISHMARIAH, José Saltimbanco - Breve, ou nem tanto assim, História das Eras Duendes - Ed. Nonsëhnse, Porão Vermelho, 1999 E. H.

...

(Continua AQUI)

Nenhum comentário:

Postar um comentário